– O crescimento de qualquer tecido do nosso corpo, além do normal, caracteriza um tumor (neoplasia = novo crescimento). Por exemplo: qualquer pinta na pele, uma verruga, uma “espinha” (acne), são tumores. São crescimentos de tecidos alterados em nosso organismo. Isto deve ASSUSTAR? Não. Este não é o nosso objetivo. Pretendemos esclarecer para evitar enfartes ao ouvir-se a palavra “tumor.”
– O próprio nome já diz: é uma lesão que parece tumor ósseo, mas não é. Por exemplo: o cisto ósseo simples. É uma lesão no osso que não produz nenhum tecido. Há apenas uma cavidade, preenchida por líquido que aparece nas imagens radiográficas como uma lesão (falha de tecido ósseo) que pode confundir com verdadeiros tumores ósseos.
– As células do nosso organismo estão em constante multiplicação. Nossa pele “descama” continuamente, nossas hemáceas (glóbulos vermelhos do sangue) estão em constante reprodução (as hemáceas são renovadas a cada três meses em média), todos os tecidos do corpo são renovados, até mesmo o tecido ósseo. Portanto a reprodução de células é um fato contínuo em nosso organismo. Quando nosso organismo produz tecido “a mais” do que o necessário forma-se um tumor. As células deste tumor podem ser idênticas às células normais, neste caso formase um tumor benigno. Por exemplo: o lipoma é um tumor benigno formado por lipócitos (células gordurosas). Os tumores benignos, portanto, vêm das células do nosso próprio corpo, que entraram em reprodução para substituir as células velhas, mas houve uma falha na quantidade.
– Neste caso, além da falha na quantidade, ocorre também alteração na qualidade das células reproduzidas. No momento da reprodução as células sofrem um processo de duplicação do material genético e posteriormente de divisão celular. Se ocorrer uma falha na duplicação ou na divisão celular o resultado será uma “nova célula”. Esta nova célula pode ser parecida com aquela que estava se reproduzindo, mas não é igual e, por isso não tem a mesma função da anterior. Não possui controle de sua reprodução, pois o seu material genético ficou alterado. Quando esta célula consegue reproduzir-se forma um tumor maligno. Este tumor recebe o nome da célula primitiva que sofreu alteração genética ao multiplicar-se. O diagnóstico é feito pela semelhança entre as células. Os tumores malignos, portanto, também vêm das células do nosso próprio corpo, que entraram em reprodução para substituir as células velhas, mas que, além de ocorrer falha na quantidade, houve também uma falha na qualidade.
– Para dar nome aos tumores, a Organização Mundial da Saúde convencionou que se deveria acrescentar o sufixo oma para designar os tumores benignos: lipoma, osteoma, fibroma, etc. Para as neoplasias malignas (tumores malignos) do aparelho músculo-esquelético acrescenta-se o sufixo sarcoma: lipossarcoma, osteossarcoma (tumor ósseo maligno primário), fibrossarcoma, etc. O termo carcinoma foi reservado para as neoplasias malignas de tecidos cujas células primitivas originaram-se do folheto ectodérmico (na formação embriológica do corpo humano há três folhetos: ectoderma, mesoderma e endoderma). Como exemplos mais freqüentes: carcinoma da mama, na mulher e carcinoma da próstata, no homem.
Utilizamos o termo tumor ósseo para definir todos os tipos de neoplasia que se apresentam no tecido ósseo.
– Alguns tumores ósseos benignos podem ter um caráter hereditário, como a osteocondromatose (osteocondromas múltiplos), mas a maioria das neoplasias decorre de alterações na reprodução celular que já comentamos.
– Alguns fatores são conhecidos como as irradiações, vírus, mas geralmente as falhas ocorrem por fatores ocasionais, desconhecidos.
– Não. O nosso organismo possui um sistema de “controle de qualidade” formado por células que têm a função de reconhecer aquela que ficou malformada e destruí-la. Constantemente ocorrem células malformadas, nos variados processos da reprodução celular, que são automaticamente eliminadas pelo nosso “controle de qualidade”. Desta forma verificamos que para ocorrer uma neoplasia é preciso que aconteça falha na reprodução e, ao mesmo tempo, falha no sistema de controle de qualidade.
– Isto é muito relativo. É comum ouvir este questionamento em nosso consultório. Entretanto eu não conheço nenhuma família que não tenha um caso. Muitas vezes o fato não é relatado por preconceito. Acredito ser até um aspecto cultural. Não gostamos de admitir casos de doenças contagiosas, tumores, homossexualismo, separações, filhos “inesperados”, suicídio, alcoolismo, viciados, etc.. Mas não se sinta exclusivo e nem fique surpreso: 99,9999… % das famílias têm estas ocorrências. O fato é que procuramos relatar apenas os fatos prodigiosos.
– Isto é correto. Na realidade todos nós temos um “local de menor resistência”. Isto é, aquele órgão pode ser mais sensível, mais frágil, é um “calcanhar de Aquiles”. Eventualmente tivemos uma falha na formação daquele órgão, talvez tenhamos herdado esta falha e poderemos também transmitir aos nossos descendentes. Neste caso, a probabilidade de ocorrer falha na reprodução deste órgão “x” poderá será maior do que as outras reproduções do nosso organismo. Mas isto não quer dizer necessariamente que se tivermos um tumor este ocorrerá no órgão “x” e muito menos que venhamos a ter tumor. Nós possuímos alguns “calcanhares de Aquiles” que são particulares de cada um.
O tumor é primitivo quando ele esta no órgão que o produziu. Por exemplo: Ao examinar a mama encontra-se um tumor e o exame anatomopatológico revela que é um tumor mamário. Neste caso a lesão esta localizada no órgão primitivo, de origem.
– Continuando o exemplo da pergunta anterior, se encontrarmos uma lesão no osso e o exame anatomopatológico revelar que é um tumor da mama, isto significa que esta lesão não se originou no osso. Certamente há ou houve um tumor primitivo na mama e alguma célula tumoral desprendeu-se, atingiu a corrente sanguínea e conseguiu alojar-se no osso. Lá no osso, continuou a reproduzir-se ocasionando a lesão. Portanto um tumor originário da mama, localizado no osso. Isto é uma metástase (meta = distante; stase = parada). Metástase de tumor da mama no osso.
– Depende do tipo do tumor. Existem tumores que são de tratamento exclusivamente cirúrgico. Não respondem ao tratamento quimioterápico ou radioterápico. Outros são de tratamento quimioterápico ou de associação de quimioterapia – cirurgia e/ou radioterapia.
– Sim. Assim como na reprodução das células daquele órgão ocorreu uma falha esta pode repetir-se. Outra situação é quando não foi possível removê-lo completamente na cirurgia.
– O medicamento quimioterápico age bloqueando a reprodução celular. Este bloqueio não é específico. A droga bloqueia a reprodução de todas as células do nosso organismo (reprodução de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, células epiteliais (de revestimento da pele, boca, tubo digestivo, etc.), e outras, assim como também bloqueia a reprodução das células tumorais. A célula capilar, portanto, também sofre, resultando na queda temporária do cabelo. Com o bloqueio da reprodução de células sanguíneas ocorre a anemia, resultando o aspecto pálido do paciente. Quando é suspensa a quimioterapia tudo volta ao normal, recupera-se da anemia e o cabelo volta a crescer. Com o constante progresso na oncologia procura-se desenvolver quimioterápicos que atuem mais junto às células tumorais e menos efeito nas células normais do organismo.
– A maioria dos tumores ósseos, diagnosticados precocemente e tratados adequadamente são curados.
– Não. Os tumores ósseos representam apenas 1% de todas as neoplasias.
– Dor em primeiro lugar. Aumento de volume, “inchaço”. Calor local discreto (devido ao aumento do metabolismo, em virtude da reprodução celular) e com o passar do tempo alguma limitação funcional (diminuição do movimento articular), podendo até ocorrer fratura no local da lesão óssea.
– Primeiramente através da história e do exame clínico. Este é fundamental. Posteriormente, baseado na queixa do paciente e nos achados do exame, o médico solicitará exames complementares, de acordo com a/s suspeita/s diagnóstica/s feitas com o a história e o exame clínico.
– O médico especialista da área irá solicitar os exames necessários, pertinentes a cada caso. De um modo geral, os mais frequentemente solicitados são:
Hemograma; velocidade de hemossedimentação, dosagem de cálcio, dosagem do fósforo, dosagem da fosfatase alcalina, dosagem do PSA (antígeno prostático específico) e eletroforese de proteínas, entre outros.
Radiografias simples da lesão, radiografias do tórax, mapeamento ósseo, tomografia, ressonância magnética, entre outros.
Biópsia: para o exame anatomopatológico.
– O exame anatomopatológico é aquele realizado no material colhido do tumor. Este material pode ser obtido através de uma biópsia (retirada de uma amostra, fragmento, do tumor) ou do estudo de todo o tumor, que foi removido cirurgicamente. Primeiramente o material é preparado para depois ser analisado com o auxílio do microscópio.
– O tumor ósseo benigno mais freqüente é o osteocondroma. O tumor ósseo primitivo maligno mais freqüente é o mieloma múltiplo, que se origina das células da medula óssea, produtoras de anticórpos chamadas plasmócitos. Em segundo lugar é o osteossarcoma.
– Os tumores ósseos benignos mais freqüentes são o osteocondroma, osteoma osteóide, condroma, condroblastoma, tumor de células gigantes, entre outros.
– As lesões pseudo-tumorais mais freqüentes são o cisto ósseo simples, cisto ósseo aneurismático, fibroma não ossificante, displasia fibrosa, granuloma eosinófilo e tumor marron do hiperparatireoidismo.
– As lesões ósseas malignas mais freqüentes são as metástases ósseas, decorrentes de tumores primitivos da mama, próstata, pulmão, tireóide ou rim. Os tumores primitivos ósseos mais freqüentes são o mieloma múltiplo, osteossarcoma, condrossacoma, sarcoma de Ewing, lipossarcoma, fibrohistiocitoma maligno, entre outros.
– São tumores que acometem o tecido celular do sub-cutâneo, músculos, vasos, nervos, enfim todos os tecidos que compõem o aparelho locomotor com exceção do tecido ósseo.
– O tumor benigno de tecidos moles mais frequente é o lipoma e o maligno é o lipossarcoma.
O tratamento atual, tanto do osteossarcoma como do sarcoma de Ewing, consiste em realização de quimioterapia pré-operatória, seguido de cirurgia de remoção completa do tumor, com margem de segurança oncológica e complementação com quimioterapia pós operatória.
– Cirurgia oncológica significa que após a quimioterapia pré-operatória (em que são realizados três ciclos, em média) o tumor deve ser removido por completo. Para isto é necessário que a lesão seja retirada com uma cobertura de tecido sadio ao redor, para procurar evitar a recidiva local do tumor.
– É o reaparecimento do tumor no mesmo local, que pode ocorrer tanto em tumores malignos quanto em lesões benignas agressivas.
Alguns tipos de neoplasias podem se apresentar primariamente como metástases ósseas.
– Quando há o desprendimento de uma célula tumoral e esta atinge a corrente sanguínea o nosso sistema imunológico que faz o “controle de qualidade” geralmente elimina esta célula. Se, entretanto, a célula tumoral conseguir “enganar” o nosso sistema imunológico ela poderá alojar-se distante (meta) do órgão de origem, nos diferentes tecidos do organismo, mas geralmente acaba parando (stase) preferencialmente em um dos principais “filtros “do organismo. O primeiro grande filtro é o pulmão, por onde constantemente passa toda a corrente sanguínea. O segundo grande filtro é o fígado, principalmente para o aparelho digestivo e o terceiro grande filtro é o sistema músculo-esquelético. O tecido ósseo possui uma circulação sinusoidal (de pequenos vasos sanguíneos, capilares), em que a passagem da corrente sanguínea é muito lenta, facilitando a “stase” (parada) da célula tumoral.
– Depende do tipo do tumor primitivo, do tamanho da lesão, de sua localização, etc. De um modo geral, quando ocorrem metástases nos ossos longos (úmero, fêmur, etc.), apresentando risco de fratura, elas devem ser operadas, substituindo-se a área doente por uma prótese interna, evitando-se o desconforto da fratura. Nesta situação o paciente pode voltar a caminhar e a exercer suas funções dentro de poucos dias.
– Primeiramente o tumor da mama, em mulheres e o tumor da próstata, em homens. Em seguida os tumores do pulmão, da tireóide e do rim representam, com maior freqüência, a fonte de lesões metastáticas (se apresenta de forma semelhante a um tumor ósseo) para os ossos.