Condrossarcoma Cabeça Femoral
Diagnóstico e Tratamento do Condrossarcoma da Cabeça Femoral
O condrossarcoma da cabeça femoral é uma neoplasia maligna de origem cartilaginosa, frequentemente encontrada em adultos de meia-idade. Neste caso, discutimos um paciente masculino de 49 anos que apresentou dores no quadril por dez meses. Uma radiografia inicial revelou uma lesão na cabeça e colo femoral direito, seguida por uma tomografia que detalhou a extensão e natureza agressiva da lesão.
Avaliação Inicial
A radiografia da pelve direita mostrou uma lesão de rarefação óssea no colo femoral, com focos de maior densidade sugerindo calcificações. A tomografia confirmou a presença de uma lesão com rarefação óssea na cabeça femoral direita, erosão da cortical interna em formato de “saca bocado” e focos de calcificação. Essas características indicavam uma lesão localmente agressiva, ativa e destrutiva para a estrutura óssea.
Desafios no Diagnóstico: Condroma vs. Condrossarcoma
A distinção entre condroma e condrossarcoma pode ser desafiadora, especialmente em pacientes com mais de 40 anos que apresentam lesões cartilaginosas dolorosas, erosão da cortical interna e calcificações. Neste caso, o médico optou por uma biópsia percutânea, cujo exame anatomopatológico inicialmente concluiu tratar-se de um condroma. No entanto, devido às características agressivas observadas nas imagens, a lesão deveria ter sido tratada como condrossarcoma.
Tratamento Inadequado e Recorrência
O paciente foi inicialmente tratado com uma prótese convencional, considerando o diagnóstico de condroma. Alguns meses após a cirurgia, o paciente apresentou aumento de volume e dor na coxa direita, além de um aumento progressivo no quadril. A radiografia subsequente mostrou uma lesão expansiva, evidenciando a recidiva do condrossarcoma. A cintilografia óssea revelou hiper captação acentuada na pelve direita e no terço proximal do fêmur, indicando a extensão da doença.
Cirurgia e Desfecho
Devido à disseminação do condrossarcoma, o paciente foi posicionado para a realização de uma hemipelvectomia. Esta intervenção radical foi necessária porque o tumor, inicialmente de grau I, desdiferenciou-se após ter sido tratado inadequadamente como condroma. A radiografia da bacia pós-hemipelvectomia confirmou a remoção extensa do osso afetado. É importante ressaltar que a cirurgia adequada desde o início poderia ter curado o tumor, preservando o membro do paciente.
Lições Aprendidas
Este caso ilustra a importância de considerar o quadro clínico e as imagens radiológicas ao decidir o tratamento para lesões cartilaginosas em ossos longos, especialmente em pacientes mais velhos. Supervalorizar o exame anatomopatológico de condroma sem levar em conta a agressividade observada nas imagens pode resultar em tratamentos inadequados e na progressão da doença. Em lesões com características de calcificação e erosão da cortical interna, a abordagem deve ser agressiva, tratando como condrossarcoma para evitar recidivas e complicações maiores.
O tratamento do condrossarcoma requer uma abordagem cuidadosa e informada, baseada não apenas no exame histológico, mas também na avaliação detalhada das imagens e do quadro clínico. A cirurgia precoce e adequada é essencial para a cura e preservação da função do membro afetado. Este caso sublinha a necessidade de uma abordagem com discussão multidisciplinar para a definição no manejo eficaz de neoplasias ósseas cartilaginosas em que o quadro clínico e de imagem é prevalente.
Condrossarcoma Da Cabeça Femoral. Paciente masculino, 49 anos de idade, refere dores no quadril havia dez meses. Realiza uma radiografia da bacia que revela lesão na cabeça e colo femoral direito, (Figura 1). A tomografia detalha os aspectos da lesão (Figura 2).
Condroma ou condrossarcoma? O médico opta por realizar uma biópsia percutânea cujo anatomopatológico conclui por condroma. Lesão cartilaginosa, em osso longo, com dor, erosão da cortical interna, focos de calcificação em paciente com mais de quarenta anos devem ser tratada como condrossarcoma. É tratado como condroma, prótese convencional (Figura 3).
Após alguns meses apresenta aumento de volume na coxa direita e dor, e aumento progressivo no quadril (Figura 4). A radiografia apresenta lesão expansiva (Figura 5).
Para esta neoplasia, cujo único tratamento é a cirurgia, não se pode deixar induzir pelo exame anatomopatológico de condroma por biópsia. Não devemos realizar outra biópsia, pois já temos o diagnóstico de lesão cartilaginosa. As imagens agressivas, com focos de calcificação e erosão da cortical interna definem a conduta de se tratar este caso como o condrossarcoma que era (Figura 9).
Autores do caso
Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista
Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho
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