Condrossarcoma do Fêmur
Caso Clínico: Diagnóstico Inicial e Intervenção
Paciente feminina com 33 anos apresentou-se com dor no joelho direito por um período de seis meses. Ao buscar atendimento em outro Hospital Universitário, foram realizados exames de imagem que revelaram uma lesão com rarefação óssea e focos de calcificação. A biópsia realizada inicialmente sugeriu um diagnóstico histopatológico de condroma.
A paciente foi submetida a uma curetagem intralesional através de uma pequena incisão lateral, seguida pelo preenchimento da cavidade com cimento. Este procedimento foi documentado e justificado pela capacidade de alcançar toda a cavidade através dessa incisão, embora tal abordagem não seja adequada, pois apenas espalha a lesão em vez de tratá-la corretamente.
Avaliação das Imagens Pós-Operatórias
As radiografias pós-operatórias evidenciaram áreas de rarefação ao redor do cimento, sugerindo a presença de tumor. Isto indicou que a curetagem intralesional não foi suficiente para o tratamento da lesão, que na verdade se tratava de um condrossarcoma grau II.
A paciente não aceitou a proposta inicial daquele serviço que indicou a amputação e procurou nossa instituição. Imagens de ressonância magnética subsequentes confirmaram a presença de tumor remanescente ao redor do cimento, com extravasamento da lesão pela abertura cirúrgica da cortical lateral e em tecidos moles. As imagens detalharam a extensão do tumor, destacando a inadequação do procedimento inicial.
Abordagem Alternativa: Ressecção Ampla e Reconstrução
Diante da ineficácia da curetagem intralesional, optou-se por uma abordagem ampla, com a ressecção ampliada do terço distal do fêmur comprometido. Este procedimento foi realizado através de uma incisão ampliada, permitindo a visualização completa da lesão e a remoção adequada do tumor. A cavidade resultante foi reconstruída com uma endoprótese não convencional.
Resultados Pós-Operatórios e Seguimento
Após a ressecção com margem e a reconstrução, a paciente foi acompanhada clinicamente e por imagens, inicialmente a cada três meses. As avaliações mostraram boa recuperação e ausência de recidiva do tumor.
Um ano e oito meses após a cirurgia, a paciente apresentava boa função do membro operado, conseguindo suportar carga monopodal. Radiografias de controle mostraram a prótese bem-posicionada e sem sinais de recidiva.
Longo Prazo: Avaliação de Doze Anos
A avaliação após doze anos da cirurgia revelou que a paciente manteve boa função da perna e não apresentou sinais de recorrência do tumor. A força muscular estava preservada e a cintilografia óssea não indicou recidiva. As radiografias e avaliações clínicas confirmaram o sucesso da intervenção, destacando a importância da ressecção ampla e da reconstrução adequada no manejo de condrossarcomas.
O caso demonstra a importância de um diagnóstico preciso e de uma abordagem cirúrgica adequada no tratamento de lesões cartilaginosas condroma/condrossarcoma. A curetagem intralesional, especialmente com incisão pequena, não é recomendada para tais lesões. A ressecção ampla seguida de reconstrução com endoprótese mostrou-se eficaz, proporcionando bons resultados funcionais e ausência de recidiva a longo prazo. Este caso ressalta a necessidade de uma abordagem oncológica rigorosa e bem planejada para o tratamento destes tumores ósseos.
Condrossarcoma Do Fêmur. Paciente feminina, 33 anos com dor no joelho direito havia 6 meses. Foi atendida em Hospital Universitário, onde realizou exames de imagem que revelam lesão de rarefação óssea e focos de calcificação. Foi submetida à biópsia cujo diagnostico histopatológico foi de condroma.
A paciente foi operada por uma pequena incisão lateral. Realizaram curetagem intralesional e preencheram a cavidade com cimento. Documentaram o procedimento com o argumento de poderem atingir toda a cavidade por esta incisão e realizaram radiografia pós-operatória (Figuras 1 – 4).
A realização de curetagem intralesional pode ser empregada em alguns casos de lesões benignas agressivas, como o TGC (tumor gigante celular). Entretanto não se pode utilizar incisão pequena em nenhuma situação. Quando for indicada a técnica de curetagem, devemos ter uma visão ampla de toda a cavidade e realizar a adjuvância local, quando necessária.
Neste caso específico, a curetagem não está indicada para o tratamento desta lesão, muito menos com incisão pequena. A biópsia sugeriu o diagnóstico de condroma, mas trata-se de um condrossarcoma grau II, que foi o diagnóstico definitivo do material curetado.
Com o diagnóstico de neoplasia maligna e o quadro de “recidiva” foi indicada a amputação do membro. A paciente não aceita o tratamento e nos procura para uma segunda opinião.
Podemos observar a presença de tumor remanescente já nas radiografias do pós-operatório imediato. As imagens da ressonância detalham esta situação (Figuras 5 – 10)
Analisamos que, apesar da manipulação inadequada, estávamos diante de uma neoplasia de lenta evolução e que poderíamos tentar a ressecção ampla da região afetada e reconstruir com uma endoprótese não convencional.
Se o estudo da peça não revelasse desdiferenciação, poderíamos realizar controles pós-operatórios clínicos e de imagens a cada três meses inicialmente, e somente vir a realizar a alternativa da amputação se houvesse recorrência após esta ressecção ampla.
Realizamos a ressecção do terço distal do fêmur que estava comprometido, por uma incisão ampla, observada nas Figuras 11 e 12 e documentadas nas radiografias da prótese, Figuras 13 e 14.
Podemos observar a função da paciente após três anos, Figuras 15 e 16 e avaliação após doze anos, Figuras 17-20.
Autores do caso
Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista
Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho
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