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Esta biblioteca digital abriga o livro sobre Oncologia e Oncocirurgia Ortopédica.

Ela inclui aulas acadêmicas, palestras proferidas em congressos nacionais e internacionais, trabalhos publicados, discussões de casos, procedimentos cirúrgicos realizados e técnicas próprias desenvolvidas.

O formato digital foi escolhido porque a web permite a inclusão de textos com inúmeros recursos visuais, como imagens e vídeos, que não seriam possíveis em um livro impresso.

O conteúdo é destinado a estudantes, profissionais da saúde e ao público em geral interessado na área.

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Metástase Óssea

Metástase Óssea O pulmão é o maior filtro de nosso organismo, por onde passa toda a circulação e portanto  qualquer embolo metastático que atinja a circulação venosa tem alta probabilidade de sofrer stase no pulmão e desenvolver lesões metastáticas. Daí ser o pulmão a maior sede de metástases de nosso organismo. O fígado representa um filtro para o aparelho digestivo que pela circulação porta pode receber êmbolos metastáticos daquele  aparelho.

Metástase Óssea

         O tecido esquelético representa o terceiro grande filtro, que por sua circulação sinusoidal lenta favorece o abrigo dos êmbolos metastáticos que porventura cheguem ao osso.

         Atualmente com o aumento da sobrevivência dos pacientes portadores de diferentes neoplasias, decorrentes dos diagnósticos cada vez mais precoces, dos avanços da quimioterapia com variedade de drogras cada vez mais eficazes e com o controle dos efeitos colaterais o número de pacientes que têm sua doença primitiva controlada e que vêm a ter metástases para o esqueleto é cada vez maior.

         Os tumores que mais freqüentemente produzem metástases ósseas são o carcinoma de mama na mulher, de próstata no homem, do pulmão. rim e tireóide em ambos.

         As lesões ósseas que mais freqüentemente dão manifestações clínicas, necessitando  de cirurgia ortopédica, ocorrem no fêmur, úmero, vértebras, pelve, escápula e tíbia, nesta ordem.

         A história natural desta afecção cursa com dor  e geralmente o diagnóstico pode ocorrer devido a fratura em osso patológico que causa impotência funcional, limitação para as atividades da vida diária, dependência de terceiros, escaras e falência de múltiplos órgãos devido ao paciente estar  acamado.

         A atuação do ortopedista oncológico visa operar a lesão metastática o mais precoce possível visando aliviar a dor, restabelecer a função e melhorar a qualidade de vida do paciente.

         Para isto são realizadas  cirurgias de ressecção e reconstrução com osteossíntes com cimento ou endopróteses.

         A  radioterapia pode ser eventualmente empregada como medida paliativa, visando o alívio da dor para os pacientes que não apresentam condições clínicas para cirurgia. 

         Em relação ao mieloma múltiplo, que é o tumor primitivo mais freqüente do osso, tumor do S.R.E.,  temos a acrescentar que ele é tratado com quimioterapia e tem grande sensibilidade também à radioterapia. Entretanto, nos casos que evoluem com lesões ósseas significativas ou com risco de fratura, a conduta cirurgica ortopédica é semelhante ao tratamento das metástases ósseas.

Clique aqui para baixar PDF de artigo sobre metástase de tumor de mama masculina.

Clique aqui para ver tratamento de metástase de hipernefroma.

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

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Sarcoma de Ewing

O sarcoma de Ewing é tumor maligno composto por células indiferenciadas pequenas e redondas.

Sarcoma de Ewing

Apresenta incidência máxima na primeira e segunda décadas de vida, sendo raro após a terceira, com uma preponderância de 2:1 do sexo masculino sobre o feminino.

Há muita controvérsia quanto a célula de origem do sarcoma de Ewing, no entanto estudos mais recentes defendem a origem neuroectodérmica.

O tumor de Ewing acomete principalmente a região metafisária dos ossos tubulares longos e a pelve.

Macroscópicamente, a lesão óssea é caracterizada por um cinza esbranquiçado, de consistência mole. Este tumor ultrapassa precocemente a cortical, causando a elevação do periósteo com formação subperiosteal de osso novo, característico nessa doença, fornecendo uma imagem radiografica com aspecto de “casca de cebola”.

Histologicamente é composto por numerosas células uniformemente distribuídas, pequenas e redondas, semelhantes a linfócitos, porém de maior tamanho. A técnica de impregnação argêntica no estudo histológico revela escassez de fibras de reticulina, sendo estas encontradas apenas ao redor de vasos, ao contrário dos linfomas nos quais se observa rica trama de reticulina. No citoplasma das células do sarcoma de Ewing identifica-se abundante quantidade de glicogênio pela coloração de PAS.

As manifestações clínicas do sarcoma de Ewing são de dor, tumefação, hipersensibilidade da parte afetada, circulação colateral, temperatura local elevada e aumento na velocidade de hemossedimentação, podendo mascarar-se como quadro de osteomielite. No início é possível que não haja alterações radiográficas ou que as alterações sejam pequenas e mal definidas. Com a progressão da doença, o tumor induz formação de grandes áreas de lise óssea a corroerem as trabéculas esponjosas e, a seguir, a cortical de dentro para fora, dando à radiografia um aspecto de “roído de traça” . Muito precocemente apresenta massa tumoral extra cortical, em grande volume, contendo mais tumor fora do osso do que dentro dele.

O diagnóstico diferencial é feito com o osteossarcoma, o granuloma eosinófilo, o rabdomiossarcoma e a osteomielite

O tratamento atual consiste em poliquimioterapia pré-operatória, cirurgia de ressecção da lesão seguida de poliquimioterapia pós-operatória. No tratamento cirúrgico, após a ressecção da lesão, pode-se realizar a reconstrução do segmento com endopróteses, enxerto ósseo de banco e enxerto autólogo.

A avaliação da resposta à quimioterapia pré-operatória orienta o tratamento, tem valor prognóstico e é feita com o estudo do material ressecado na cirurgia. Essa avaliação é classificada em graus, a saber:

– até 50% de necrose tumoral

II – entre 50% e 90% de necrose tumoral

III – acima de 90% de necrose tumoral

IV – ausência de neoplasia histologicamente viável

         Atualmente com as excelentes respostas ao tratamento quimioterápico e às expectativas de “cura” da doença (pacientes com mais de quinze anos de tratamento, vivos e clinicamente bem), procura-se sempre que possível realizar tratamento cirúrgico com soluções biológicas, pois são definitivas e evitam as complicações decorrentes das endopróteses ou enxertos de banco, cuja durabilidade é limitada.

Clique aqui para ver caso de Sarcoma de Ewing da pelve.

Clique aqui para ver caso de Sarcoma de Ewing do úmero

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

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Osteossarcoma de superfície

O osteossarcoma de superfície, também conhecido como parosteal ou justa-cortical, é aquele que se inicia na superfície do osso e cresce externamente. Não há lesão na medular óssea e na sua superfície temos representada a zona de crescimento do tumor, portanto a região mais imatura. Possui duas representações histológicas: -a) de baixo gráu: praticamente não se encontram mitoses atípicas e assemelha-se ao osso maduro. Seu diagnóstico é confirmado pela clínica e imagem.

Osteossarcoma de superfície

    -b) de alto grau (“hight grade”): apresenta as mesmas  características clínicas porém com atipias e polimorfismo de neoplasia imatura.

Sua manifestação clínica é caracterizada por apresertar evolução lenta, incidindo na terceira e quarta  década, ocorrendo na região metafisária posterior e distal do fêmur, cavo poplíteo, úmero proximal e rádio distal.

Radiológicamente caracteriza-se por lesão densa, de neoformação óssea tumoral, cuja base está en continuidade com a cortical do osso afetado. A superfície pode apresentar camada cartilaginosa e representa a zona imatura.

O principal diagnóstico diferencial e a miosite ossificante (que apresenta imaturidade no centro da lesão e cuja periferia é mais matura, calcificada).

O tratamento do osteossarcoma de superfície de baixo gráu consiste na ressecção oncológica da lesão, podendo ser parcial parieltal ou segmentar e recostrução com enxerto ósseo ou endoprótese.

O de alto gráu é tratado como o osteossarcoma central, isto é, quimioterapia – cirurgia -quimioterapia.

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

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Osteossarcoma

O osteossarcoma é neoplasia imatura formadora de osteóide e  osso  neoplásico  produzido pelos osteoblastos malignos, com estroma fortemente sarcomatoso. Histologicamente pode apresentar-se como osteoblástico, condroblástico, fibroblástico ou teleangectásico, conforme seja a semelhança de suas células. Depois do mieloma, é a neoplasia óssea primitiva mais freqüente.

Osteossarcoma

Atinge jovens na primeira e segunda década, afetando a região metafisária dos ossos longos, próximo à placa de crescimento. Clinicamente apresenta dor na região afetada, calor pela hiperemia, tumor pelo aumento de volume local acrescida de alguma limitação funcional.

Radiograficamente apresenta lesão na região metafisária caracterizada por áreas de neo-formação óssea entremeadas por áreas de rarefação óssea, de limites imprecisos, com erosão da cortical e reação periosteal lamelar fina, formando triângulo de Codman. A presença do triângulo de Codman denota a existência de tumor extra-cortical.

Para o diagnóstico dos tumores ósseos é preciso fazer a correlação entre a clinica, a radiologia e a anatomia patológica.
Para o diagnóstico dos tumores ósseos é preciso fazer a correlação entre a clinica, a radiologia e a anatomia patológica.

O triângulo de Codman (figura 2) é um sinal radiográfico que ocorre em outras afecções como a osteomielite, granuloma eosinófilo, Sarcoma de Ewing e outros tumores. Ele pode aparecer sempre que uma lesão ocorrer dentro de um osso e for crescer para fora deste. A lesão (ou pus na osteomielite) ao ultrapassar a cortical do osso provoca um descolamento do periosteo que estava aderido à cortical. Hà crescimento portanto da lesão e este descolamento estimula o periósteo a produzir osso. Desta forma ocorre camada de mineralização como se formasse uma neo cortical. Este processo pode ocorrer sucessivas vezes formando verdadeira camadas (lamelas) (figuras 3a e 3b) . Estas camadas podem ser finas ( reação periosteal lamelar fina – caracterizando velocidade de crescimento da lesão) ou grossas  ( reação periosteal lamelar grossa – caracterizando lentidão de crescimento). Com a evolução da lesão ocorre uma ruptura desta tentativa de “barreira” e aparece radiograficamente um triângulo delimitado externamente pelo periósteo (que foi sucessivamente descolado e afastado da cortical óssea), internamente pela cortical do osso e na base pelo tumor em expansão.

         O estudo por imagem da lesão pode ser mais detalhado pela tomografia (figura 3c) que permite avaliar a erosão da cortical do osso e o comprometimento extra cortical. A ressonância nuclear magnética é importante para delimitar a extensão do tumor, tanto na medular como extra cortical (figura 4d, 4e e 4f). Este exame permite ainda avaliar a relação do tumor com as partes moles ( músculos, vasos e nervos) e é fundamental para o planejamento cirúrgico.

Figura 2: Triangulo de Codman (presente em osteossarcoma, osteomielite, sarcoma de Ewing e granuloma eosinófilo).
Figura 2: Triangulo de Codman (presente em osteossarcoma, osteomielite, sarcoma de Ewing e granuloma eosinófilo).
Figura 3: a) osteossarcoma com triângulo de Codman; b) reação periosteal lamelar fina; c) tumor produtor de osso.
Figura 3: a) osteossarcoma com triângulo de Codman; b) reação periosteal lamelar fina; c) tumor produtor de osso.
Figura 4: d) lesão heterogênea, limites imprecisos; e) epífise sem lesão; f) lesão extra cortical.
Figura 4: d) lesão heterogênea, limites imprecisos; e) epífise sem lesão; f) lesão extra cortical.

O tratamento atual do osteossarcoma consiste na poliquimioterapia pré-operatória, durante cerca de 3 a 4 ciclos, seguida da ressecção completa do tumor e complementada com a quimioterapia pós operatória. Atualmente é possível ressecar o tumor (figuras 5, 6 e 7) e reconstruir o segmento afetado com próteses ou com soluções biológicas (figura 6) (enxerto ósseo autólogo ou homólogo). As cirurgias ablativas (amputações) são reservadas aos casos de tumor avançado, de grande volume, comprometendo pele e/ou feixe vásculo-nervoso  ou ainda naqueles casos que  não obtiveram boa resposta à quimioterapia pré-operatória e cuja ressecção conservadora,com preservação do membro, implique em risco de recidiva local da lesão.

Figura 5: a) osteossarcoma com fratura consolidada, pós quimioterapia.
Figura 5: a) osteossarcoma com fratura consolidada, pós quimioterapia.
Figura 6: b) ressecção transepifisária; c) corte axial da placa de crescimento, removida com a lesão.
Figura 6: b) ressecção transepifisária; c) corte axial da placa de crescimento, removida com a lesão.
Figura 7: d) reconstrução com autotransplante de fíbula vascularizada, preservando sua placa de crescimento, encaixada em enxerto homólogo e estabilizada com placa angulada e dispositivo de fixação interna extensível.
Figura 7: d) reconstrução com autotransplante de fíbula vascularizada, preservando sua placa de crescimento, encaixada em enxerto homólogo e estabilizada com placa angulada e dispositivo de fixação interna extensível.

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

Fibroma Condromixóide: Neoplasia Condromixóide Óssea

Fibroma Condromixóide

Fibroma Condromixóide: Neoplasia Condromixóide Óssea

O Fibroma Condromixóide: Neoplasia Condromixóide Óssea é uma lesão de rara ocorrência no tecido ósseo, que se manifesta na metáfise dos ossos longos de forma excêntrica. Caracterizada por uma aparência lobulada, apresenta um halo interno de esclerose óssea que a separa do tecido normal circundante, muitas vezes acompanhada de erosão na cortical, denotando certa agressividade local. A presença de calcificações em seu interior é uma característica comum a todas as lesões cartilaginosas.

Do ponto de vista histológico, o Fibroma Condromixóide exibe um pleomorfismo celular notável, com a presença de áreas de tecido condróide, fibroso e uma quantidade significativa de material mixoide, frequentemente acompanhado por células gigantes multinucleadas.

Este tipo de lesão pode também estar associado ao cisto ósseo aneurismático, sendo mais comumente encontrado na metáfise proximal da tíbia, afetando principalmente adolescentes e adultos jovens.

O tratamento padrão para o Fibroma Condromixóide é cirúrgico. Geralmente, a abordagem envolve a ressecção parcial parietal da lesão, acompanhada de medidas adjuvantes locais, tais como o uso de fenol, eletrotermia ou nitrogênio líquido, além de enxerto ósseo quando necessário. Em casos mais avançados, pode ser indicada a ressecção segmentar. A curetagem também pode ser empregada, especialmente em regiões articulares, porém deve ser realizada de forma criteriosa para evitar recidivas.

Em suma, o Fibroma Condromixóide é uma lesão óssea incomum, mas que demanda uma abordagem cirúrgica adequada para evitar complicações e garantir uma recuperação satisfatória ao paciente.

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

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Condroblastoma

O condroblastoma é neoplasia  benigna formadora de cartilagem correspondendo aproximadamente a 1,8 % dos tumores ósseos.

Condroblastoma

Condroblastoma da cabeça femoral – Lesão intra-articular – Pós operatório de 1 ano – Pós operatório de 8 anos
Condroblastoma da cabeça femoral – Lesão intra-articular – Pós operatório de 1 ano – Pós operatório de 8 anos
Metástases Pulmonares assintomáticas.
Metástases Pulmonares assintomáticas.

Codman, em 1931,  descreveu-o como uma forma diferente de manifestação do “tumor de células  gigantes calcificado” do úmero proximal. Posteriormente constatou-se tratar de um tumor diferente do tumor gigantocelular (T.G.C).

Acomete preferencialmente a  epífise dos ossos longos, como lesão de rarefação  óssea, com focos de calcificação, em pacientes do sexo masculino, na primeira e segunda década da vida, portanto com a placa de crescimento aberta. Portanto afeta a região epifisária dos ossos longos em crescimento  (figs. 1 e 2) e, em menor freqüência, a porção apofisária (figs 3 e 4).

 

Figura 1 condroblastoma epifisário do fêmur.
Figura 1 condroblastoma epifisário do fêmur.
Figura 2 erosão da cartilagem articular.
Figura 2 erosão da cartilagem articular.
Figura 3 condroblastoma da apófise do grande trocânter. Figura 4 – aumento significativo da lesão, com fratura arrancamento do grande trocânter.
Figura 3 condroblastoma da apófise do grande trocânter.
Figura 4 – aumento significativo da lesão, com fratura arrancamento do grande trocânter.

Esta lesão, por ocorrer intra-articular, pode apresentar quadro clínico semelhante a artrite, quando provoca reabsorção da epífise (ou da apófise), erosão da cortical óssea e invasão articular, levando ao quadro de artralgia, podendo ocasionar deformidade e fratura afundamento articular. Pode, portanto, apresentar agressividade local como erosão da cortical,  da placa de crescimento e invasão articular.

Quando há manifestação radiográfica de agressividade local, geralmente está associado com áreas de cisto ósseo aneurismático. Apresenta diagnóstico diferencial com cisto ósseo simples, aneurismático, osteomielite, tuberculose, artrite, condroma, tumor de células gigantes (osteoclastoma), osteoma osteóide no início, lesões pseudo tumorais, entre outras.

O tratamento do condroblastoma é cirúrgico e deve ser efetuado o mais breve possível, pois estas lesões, apesar de histologicamente benignas, evoluem rapidamente para destruição do arcabouço ósseo local. Consiste na curetagem intra lesional seguida de adjuvante local (fenol, eletrotermia, nitrogênio líquido, etc) e colocação de enxerto ósseo ou cimento (polimetilmetacrilato). 

Em lesões muito avançadas pode ser necessária a ressecção segmentar seguida de colocação de prótese ou artrodese. A melhor indicação, para se evitar a recorrência local, é a ressecção segmentar.

Entretanto, devido à localização articular do condroblastoma é preferível fazer o acesso cirúrgico adequado à cada região, como neste exemplo que acomete a região póstero medial da cabeça femoral (fig. 5 e 6).

Fig. 5- Condroblastoma da região medial da cabeça femoral direita.
Fig. 5- Condroblastoma da região medial da cabeça femoral direita.
Fig. 6 – Lesão lítica posterior e medial na cabeça femoral direita.
Fig. 6 – Lesão lítica posterior e medial na cabeça femoral direita.
Realizamos a curetagem intra lesional cuidadosa, seguida de adjuvante local, como fenol, nitrogênio líquido ou a eletrotermia (figs. 7 e 8), para o posterior preenchimento da cavidade com enxerto ósseo autólogo, restituindo a anatomia da região (fig. 9) e restabelecendo a função (figs 10 e 11). 
Fig. 7 – via de acesso à região póstero-medial da cabeça femoral.
Fig. 7 – via de acesso à região póstero-medial da cabeça femoral.
Fig. 8 – curetagem intralesional, seguida de eletrotermia.
Fig. 8 – curetagem intralesional, seguida de eletrotermia.
Fig. 9 – enxerto ósseo autólogo já integrado. Fig. 10 – Função de flexão com carga dos quadris.
Fig. 9 – enxerto ósseo autólogo já integrado. Fig. 10 – Função de flexão com carga dos quadris.
Fig. 11 Abdução do quadril, após um ano da cirurgia.
Fig. 11 Abdução do quadril, após um ano da cirurgia.

O condroblastoma, apesar de ser uma lesão benigna, além da recorrência local, pode evoluir com metástases pulmonares (figs. 12 e 13) que seguem sendo histologicamente benignas, sendo controversa a indicação de quimioterapia complementar, restando como tratamento apenas a exerese das metástases, pois não respondem à quimioterapia ou radioterapia.

Fig. 12 – radiografia do tórax, com múltiplos nódulos.
Fig. 12 – radiografia do tórax, com múltiplos nódulos.
Fig. 13 – tomografia do tórax, com treze anos de evolução.
Fig. 13 – tomografia do tórax, com treze anos de evolução.

 Em nossa experiência tivemos dois casos de osteoblastoma e um caso de condroblastoma com doença secundária nos pulmões. Neste caso de condroblastoma foi realizada a toracotomia encontrando-se inúmeros nódulos pulmonares, que persistem até hoje. Este paciente, à época do diagnóstico das metástases, apresentou quadro de osteopatia pulmonar hipertrófica. Não realizou nenhum tratamento complementar e está assintomático até hoje, após treze anos (figs. 14 e `15) e com quinze anos da cirurgia (figs. 16 e 17).

Fig. 14 – Abdução apos 8 anos. Fig. 15 – Fexão com carga após 13 anos.
Fig. 14 – Abdução apos 8 anos. Fig. 15 – Fexão com carga após 13 anos.
Fig. 16 – Abdução após 15 anos. Fig. 17 Flexão com carga após quinze anos da cirurgia.
Fig. 16 – Abdução após 15 anos. Fig. 17 Flexão com carga após quinze anos da cirurgia.

Atualmente o paciente encontra-se bem e assintomático, 24 anos após a cirurgia da lesão femoral e 22 anos após a remoção de alguns dos nódulos metastáticos.

O prognóstico pode ser reservado tanto quanto a recidiva local quanto a complicações ortopédicas como degeneração articular e déficit do crescimento.

Veja o artigo publicado em 1995.

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

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Osteocondroma

Osteocondroma também é conhecido como exostose osteo-cartilaginosa. Representa a lesão óssea  benigna mais freqüente. Sua incidência é ainda maior do que a referida na literatura pois muitos pacientes apresentam osteocondromas assintomáticos.

Osteocondroma

Ocorre na primeira e segunda  décadas, na região metafisária dos ossos longos, caracterizando-se radiograficamente por apresentar tumor formador de cartilagem e de osso. Característicamente o osso esponjoso central da exostose continua-se com a medular do osso afetado e a camada densa, cortical do tumor, continua-se com a cortical normal do osso. Na superfície desta lesão há uma faixa de cartilagem, por onde a lesão cresce (por isso  o nome osteo-condroma: tumor formador de cartilagem e de osso).

Apresenta-se com forma de base séssil (base alargada) ou pediculada.

Pode ser único ou múltiplo (osteocondromatose hereditária)

Os osteocondromas são de tratamento cirúrgico (ressecção), quando alteram a estética, comprimem estruturas vásculo-nervosas ou limitam a função. Geralmente crescem enquanto o paciente encontra-se em fase de crescimento.

Quando um osteocondroma aumenta de tamanho, depois de terminada a maturidade esquelética pode significar bursite pós traumática ou malignização para condrossarcoma e deve ser ressecado com margem oncológica.

O osteocondroma solitário pode apresentar 1% de taxa de malignização, já a osteocondromatose múltipla, pode chegar a 10%.

Dentre as lesões cartilaginosas benignas não podemos esquecer do condroblastoma.

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

Condroma

Condroma Justacortical

Condroma Justacortical: Tumor Benigno de Cartilagem nos Ossos

O condroma é um tumor benigno de cartilagem que frequentemente afeta os ossos curtos das mãos e dos pés (fig. 18). Essencialmente, é uma massa que se forma a partir do tecido cartilaginoso. Pode surgir como uma única lesão ou, em casos mais severos, afetar vários ossos, configurando o que é conhecido como encondromatose.

A encondromatose unilateral é uma forma específica de displasia óssea, denominada doença de Ollier (fig. 19a; 19b; 19c), caracterizada pela presença de múltiplos condromas em um lado do corpo. Por outro lado, a Síndrome de Maffucci é uma condição ainda mais rara, caracterizada pela presença de múltiplos encondromas associados a hemangiomas.

Embora menos comum, o condroma pode também se desenvolver nos ossos longos, como o fêmur distal (fig. 20), úmero proximal e tíbia. Nessas localizações, o diagnóstico diferencial entre condroma e outras condições, como infarto ósseo e condrossarcoma central, pode ser desafiador. O infarto ósseo, geralmente indolor, pode ser detectado por exames radiográficos, enquanto o condrossarcoma central é sintomático, com erosão da cortical interna óssea. Nesses casos, a observação clínica e radiográfica é crucial antes de qualquer intervenção terapêutica.

Radiograficamente, o condroma costuma aparecer como uma área de rarefação, podendo apresentar pontos de calcificação e eventualmente causar deformidades ósseas.

O tratamento típico para o condroma envolve a curetagem da lesão e, se necessário, o enxerto ósseo. Quando o condroma afeta a superfície externa dos ossos, é conhecido como condroma justa-cortical e, em geral, é tratado com ressecção cirúrgica parietal (fig. 21).

Em suma, o condroma é uma condição benigna, porém sua presença e comportamento devem ser cuidadosamente monitorados e tratados para evitar complicações.

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

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Osteoblastoma

Osteoblastoma

Lesão osteoblástica benigna, localmente agressiva, com estrutura histológica similar ao osteoma osteóide porém sem esclerose óssea reacional e de maior tamanho, geralmente maior que 1,5 cms.

Osteoblastoma

Radiograficamente apresenta grandes áreas de rarefação óssea com poucos focos mais densos de ossificação.

Apresenta duas formas clínicas:

  • Osteoblastoma genuíno: o mais freqüente, localizando-se no pedículo da coluna vertebral e mais raramente na metáfise dos ossos longos.
  • Osteoblastoma Agressivo (“maligno”).

Incide na primeira e segunda década da vida.

O quadro clínico é de dor intensa, podendo levar a fraturas e déficit funcional e neurológico, quando ocorre na coluna vertebral, às vezes com escoliose antálgica.

Faz diagnóstico diferencial com:

  • Osteoma Osteóide,
  • Cisto ósseo aneurismático,
  • Osteossarcoma.

O tratamento consiste na ressecção em bloco da lesão e enxerto ósseo quando necessário, reservando-se a curetagem criteriosa para regiões como a coluna vertebral, em que geralmente não é possível ressecar em bloco. O uso de adjuvante local (fenol, eletrotermia) vem sendo empregado cada vez mais, procurando-se evitar a recidiva. 

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

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Osteoma Osteóide

Osteoma Osteóide O osteoma osteóide é uma lesão osteoblástica benigna, menor que um centímetro, de limites precisos e com esclerose óssea reacional ao redor de tecido osteóide, com estroma altamente vascularizado e osso histologicamente maduro.

Osteoma Osteóide

É lesão que se localiza preferencialmente na cortical dos ossos longos ou no pedículo da coluna vertebral (ossos compactos). Pode ocorrer em três diferentes localizações no osso:

  • Cortical : a grande maioria, figuras  1 e 2a, 2b e 2c.
Figura 1: Quadro clínico de tumefação devido a osteoma osteóide da cortical medial da tíbia .
Figura 1: Quadro clínico de tumefação devido a osteoma osteóide da cortical medial da tíbia .
Figura 2: Aumento de densidade da cortical medial, devido à esclerose óssea (a); corte tomográfico mostrando a lesão de rarefação na cortical, circundada por halo de esclerose (b) e nicho de osteoma osteóide com a esclerose, já ressecado (c).
Figura 2: Aumento de densidade da cortical medial, devido à esclerose óssea (a); corte tomográfico mostrando a lesão de rarefação na cortical, circundada por halo de esclerose (b) e nicho de osteoma osteóide com a esclerose, já ressecado (c).
Figura 3: Osteoma osteóide na medular do fêmur (a); tomografia confirmando a localização central (b); osteoma osteóide medular do tálus (c).
Figura 3: Osteoma osteóide na medular do fêmur (a); tomografia confirmando a localização central (b); osteoma osteóide medular do tálus (c).
  • Medular: ou esponjoso (endostal), figura 3a, 3b e 3c.
Figura 4: Radiografia do antebraço mostrando lesão subperiosteal na face ulnar do rádio, com nicho central do osteoma osteóide e halo de esclerose óssea (a), e tumor ressecado (b).
Figura 4: Radiografia do antebraço mostrando lesão subperiosteal na face ulnar do rádio, com nicho central do osteoma osteóide e halo de esclerose óssea (a), e tumor ressecado (b).
Figura 5: Osteoma osteóide subperiosteal na face medial do fêmur.
Figura 5: Osteoma osteóide subperiosteal na face medial do fêmur.
Figura 6: Nicho de osteoma osteóide na superfície do fêmur, periosteal.
Figura 6: Nicho de osteoma osteóide na superfície do fêmur, periosteal.
  • Sub-periosteal, figuras 4, 5 e 6.

Incide na primeira e segunda década da vida, ocorrendo duas vezes mais no sexo masculino.

O quadro clínico é de dor noturna, (dor leve que a criança não manifesta enquanto brinca), que melhora com a administração de salicilatos. Pode ocorrer tumefação local  (fig. 4) e quadro de artralgia.

Faz diagnóstico diferencial com osteoma, osteoblastoma e abcesso de Brodie (seqüestro de osteomielite crônica).

O tratamento consiste na ressecção do nicho central (fig. 5). Não é necessário remover toda a esclerose ao redor. Quando a falha óssea provocada na ressecção representar  risco para fratura (como no colo do fêmur (fig. 6) deve-se colocar enxerto ósseo.

Autor : Prof. Dr. Pedro Péricles Ribeiro Baptista

 Oncocirurgia Ortopédica do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

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